segunda-feira, março 30, 2009

Vestido rodado que a mãe fizera para a ocasião. As palmas embalavam a música e Viridiana girava com graça. Enquanto o mundo misturava as cores à sua volta, com luzes artificiais e a fogueira, via o sorriso orgulhoso do seu par. Rapaz perfumado e camisa abotoada até a altura do peito.
Do balcão, Casimiro observa.
A mãe da moça observa.
O pai a moça observa.
O dono da mercearia enche o copo de Casimiro. Ele estala os dedos da mão esquerda. Vira o copo com a direita. Não tira os olhos da dança. Viridiana puxa a fila dos pares. Parece saltitar. Música alta. Casimiro levanta. Quem o conhece acompanha cada um dos passos cambaleantes que dá. O cachorro, deitado na calçada, barriga cheia de comer os restos do lixo, leva um susto. Casimiro quase pisa na patinha dianteira, pega seu caminho, vai para casa. O cachorro late. Vê a silhueta diminuir a cada passo. Late. Vira a última lata de lixo, saca um qualquer coisa embrulhado e corre atrás do moço.
Leva um resto da noite de lembrança para o dia seguinte.

Nenhum comentário: