sábado, abril 11, 2009

Barulho

Tem uma luz no alto do prédio que pisca tentando alguma comunicação. Paulo não vê nada mais a sua volta. Sente apertado o estômago, fecha a janela e vai para a cama tentar dormir. Tem trabalho pela manhã. Tem conta para pagar, deverá sair mais cedo, passará no caixa eletrônico.
Levanta novamente e vai à janela. Olha mais um pouco. Nunca há silêncio em suas noites. Sempre tem alguém passando na rua, sempre tem um vizinho acordado falando alto. Sempre tem alguma coisa acontecendo o tempo todo. Não tem nada com isso. Apenas olha o barulho, olha as luzes que estão apagadas. As acesas, ignora. Detém-se nas apagadas. Um pouco de inveja daqueles que dormem. Um pouco de vontade de estar em alguma daquelas casas que aparentam ser calmas, inofensivas. Dentro de seu apartamento não tem luz nenhuma acesa. Somente os olhos e a cabeça não se apagam em definitivo. Volta para a cama e tenta mais uma vez. Tem trabalho pela manhã. Tem conta para pagar, deverá sair mais cedo, passará no caixa eletrônico.

Nenhum comentário: